Ateologia

Se Deus não existe então tudo é permitido!” (Dostoievski). 

Jacques Lacan inverte a fórmula.

Porque a existência de Deus é, creio, uma espécie de rede que nos apara quando escolhemos o mal (neste pequeno texto a crença e realidade confundem-se). Podemos ser castigados em modo tragédia, levar com a espada de Dâmocles no meio da cabeça, sofrer uma vingança servida fria... Mas com a companhia de Deus (não interessa o desenho ontológico) quando escolhemos o lucífero há ainda a esperança do perdão ou do sofrimento redentor, no fundo que Deus reponha a ordem.

Uma rede que não nos deixa cair em tentações indescritíveis vai sendo tecida para evitar que construamos, por nossa conta e risco, um grande interdito, uma auto-censura mil vezes pior do que a do Inferno. Sem a moral divina talvez nos tornássemos hiper-morais, em cada um de nós, constato isso todos os dias, vive um Tomás de Torquemada.