clichês de um convalescente

“minerais duram. mover-se espalhando a mancha:
move-se isso em vida, congela-se em foto, durante.
o sol cutuca o seu ombro lembrando um relógio,
antigo, ele mesmo, o sr. sol de frutos vibrantes.
usar força e vigor no máximo, velas bruxuleiam,
que sejam velas e derretam cera, a rígida moleza.
certezas calcificam mal, e a água empedra a areia,
que amolece, granula e se desfaz, sopro ou vento.
deuses sorrindo em mármore, deuses polidos
da falsa brancura ancestral de engolir as cores
no vazio da eternidade: eles sorriem imóveis. 
a pequena ferida faz de nós gemidos, filoctetes.
nenhum assombro: o sopro divino tem sua data
de vencimento, conferir na embalagem. sofrimento,
sede, as lutas contra tempestades de areia neste ―
dizemos ― deserto (e dunas, de fato, são nádegas)”.