Vejo o fim da humanidade e/ é às dezoito e quarenta e nove
/Vejo o fim da humanidade e
é às dezoito e quarenta e nove
numa praia em Rodes
Não sei quanto tempo mais
vai durar a bateria
O fim é o de tudo
As três raparigas têm tempo
e rede ainda
para postar uma última foto
crendo nos ocasos comidos
pela morte do tempo
No que vejo e em mim
não há talvez já
sombra de humanidade
Um fio puído de verão
um vortíce denso de esfinges
talvez nos sobreviva
e o mar desse azul
mais do que a tua íris
a que compará-la?
que dizer dos que vão morrer
e plantada como uma campa
no meio desse mar
(como se pôde esquecer
tão facilmente os náufragos?)
a prancha corroída italiana
donde as crianças
ainda vivas
no abismo futuro
ou talvez não
saltam