Αντωνία Ευγενία Βάρνταλος que significa

Αντωνία Ευγενία Βάρνταλος
  que significa

Plumas Ao Invés de Sovaco




não deixe o gato dormir!
fale baixo

eu adorava
pelo teu dedo
tocar o muro
sentir as cifras contar as brotoejas de cimento
os palácios em pingos concretos
o nariz de Andonía Evguenía Várdalos
agora sou nojo e nojo
sou o tipo de nojo encrustado no olhar
das mulheres com o nojo do sexo com legumes

não deixe o gato dormir!

adorava tocar gaita mesmo sem saber
adorava
sem saber os buracos
minha saliva ácida
fazer barulho com tudo isso
pelo teu dedo tocar
sou um nojo agora
sem saber
adorava

não deixe o gato dormir!

adorava
por todas as plumas
um bicho de plumas perto do teu hálito

fale baixo perto de mim sopre saliva nas plumas
na boca da raposa com bicho de plumas dentro
fale baixo perto de mim sopre saliva eu sou um nojo

adorava ver as plumas do nariz de Nia no quadril da garçonete
uh
traga aqui esse quadril com o meu pratinho de pastel quente
o corpo quente desse take é meu só meu só meu

soprar plumas pelo nariz do pastel
pelo teu dedo soprar


era uma cidade pequena gelada e nossa
minha e tua
da Nia
o muro uma ruína você gritava não
tudo é ruína
não deixe o gato dormir!

agora eu sou um nojo
brotoejas de cimento
os palácios em pingos concretos
o trovão
não o queixo por sob
o nariz de
Andonía Evguenía Várdalos
agora não

agora sou nojo e nojo
sou o tipo de nojo encrustado no legume que lambe o quadril do meu take quente

venha aqui
aqui aqui pardalzinho besta

não deixe o gato dormir
não deixe a cidade te arranhar na saída
marinheirinha feia

não deixe nunca esse uniforme que diz plumas e mia mornuras
no muro
uma ruína
pelo teu dedo
uma ruína

Sobre a fisgada que a gente sente no peito ao ver o museu da nossa própria vida

Teus olhos lembram-me o natal
e todos estes teus dedos
de pontas
finas
compõem os traços
dos esquecimentos


2.
Várias linhas regulares
têm brotado em mim
e nelas reconheço tua terra

E de tua poeira
faço cântaros
que cheiram
a genitálias

E de tais genitálias
faço amores


3.
Teu solo é ígneo e fareja
o sangue no topo da carne seca

escoar-se

escoar-se pela forma mais básica
passar por fluir cruzar-se
precipitar-se plúvio garoar-se pluvilíneo
manar verter incessantemente
aguar-se envolver encostas encobrir
submergir alastrar-se propagar-se
colonizar perder arrastar perpassar
difundir-se impregnar e repassar
invadir-se penetrar-se dimanar sobre diques
resvalar relvas escorregar mover-se denso
grosseiro trabalhoso demorado moroso
cadenciar-se leve frouxo prolixo gotejante
pingar em chuviscar neblinar-se súbito
cristalizar-se em bruma e cerração
reacender-se pelo gume sangrar
esmar-se pela palavra fazer-se do vazio
volver e desvirar-se e tornar a revolver
escavacar a cercania furar o contorno vazar
assilhuetar-se azulado no perfil do branco
enoitar-se tetro na própria boca da noite
serenar sob o seco ramo sáfaro galho
safirizar o tempo depois do tempo próprio
descujar-se a caveira de fulano florescer
desfiar-se recostar a carne lançar-se de si


Ernesto von Artixzffski é o pseudónimo de Sergio Maciel.

uma lição de utilidade // um passo em sua direção

frank o'hara se você estiver certo
eu não posso carregar o coração
no meu bolso porque teria
de carregar seus collected poems
e não posso carregar
seus collected poems
com aquela anotável introdução
do amigo ashbery
não porque não quero
ou porque me sentiria estranho
(como alguém poderia
se sentir estranho
carregando você 
é o que me pergunto na madrugada fria) 
nem porque seria o alvo predileto
dos ladrões nas ruas
(que mundinho perfeito hein
esse nosso) eu não posso
carregar seus collected poems
por uma razão muito simples
não há bolso que caiba
essa bíblia toda rabiscada
vamos fazer um acordo
eu levo seus versos numa parte
bem guardada da minha perturbada cabeça
e sempre que for necessário
vou recitar dizendo
ouve essa do meu amigo frank
bom pra mim bom pra você 
frank o'hara eu tenho certeza
que você ama the wire como eu
vê se aparece em casa um dia desses
vamos tomar um porre quem sabe
você não imita o omar
indeed 

aos 28

Sobrevivi aos perigosos 27.
Agora sei que não sou um rockstar pra história
e muito pouco mais que isso.

Sei que quando nasci
meu pai ainda não contava 28
e não fazia ideia que iria além.

Que aos 28 Eisenstein já tinha o Potemkin,
Pelé marcado uns mil gols
e Don Juan perdido as contas dos seus.

Que aos 28 Peter Pan ainda era uma criança,
George Harrison estava fora dos Beatles
e Rimbaud se estrepando na África.

Sei que aos 28 Robert & Kurt & Amy
& Lautréamont & Jimi & Janis & outros colossais
já não estavam mais,

mas eu estou aqui
e sei que as noites continuaram sendo noites
e muito pouco mais que isso.

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