"Azoriano" - As cerâmicas de Marco Ferreira (1980 - )

     Conheci o Marco sob o teto pintado do antigo Palácio de Fonte Bela, não num sarau decante, mas sim no espaço de uma biblioteca a cheirar a História, digo-o sem qualquer repulsa. Refiro-me, claro, ao Liceu Antero Quental de Ponta Delgada, corria o ano, se não me falha a memória, 2002 ou 2003.

Anos mais tarde, encontramo-nos no Porto, um andava em Belas-Artes (o Marco) e eu pela Faculdade de Letras, onde se encontra o curso de História da Arte. Os anos foram passando e os nossos caminhos separam-se. Durante anos fiquei sem saber o que era feito do Marco, até que, por força do destino, o fio foi retomado. Foi neste retomar da amizade que descobri estes novos trabalhos do Marco, estas belas cerâmicas, que desde o primeiro momento me cativaram o olhar. Entre nós os dois, artisticamente falando, podemos referir dois pontos de contacto: a temática dos “Monstros” e a explosão da cor, um traço que também é comum a outros artistas açorianos contemporâneos. Estas são algumas das peças do Marco. Fica a seguinte garantia: ao vivo ainda são mais bonitas.

Os seus trabalhos podem ser vistos em: azorianocraftmaker (Instagram) ou no facebook.

Vítor Teves

Porto, 24 Junho de 2020

Marco Ferreira (1980 - ) - é um artista natural de S. Miguel com formação em Escultura e Design do Produto. Já correu o mundo, mas agora colabora no departamento de modelação da Fábrica de Porcelana Vista Alegre . Nos tempos livres, vai desenvolvendo uma série de peças em cerâmica, sob a foram de bestas, assente num imaginário mitológico onde se encontram figuras equivalentes, como Cérbero, Ortros ou Hidra.

CARTOLINA DOURADA

“rapaz, embrulha-os a todos

em cartolina dourada”

- Santos Barros (1977)

I

      Muito se tem dito e escrito, nas últimas semanas, sobre o derrubar de estátuas físicas no espaço público. Curioso é que em 2019, antes desta vaga de derrube de estátuas físicas, eu já tinha apontado para o mesmo gesto (alegórico) a ser feito sobre as altas estátuas da poesia (ver poema: Galileu). O que, tento em conta o citado DEUS, gerou alguma irritação na altura. “Mas quem se atreve a tal ato?”. Tudo não passava de uma alegoria que apontava para uma necessidade de alargarmos o nosso espectro de leituras, porque a poesia não é só o autor X e Y, ou melhor dizendo, a poesia não se resume a Fernando Pessoa e a Herberto Helder. Fui chamado de tudo e mais alguma coisa, inclusive de “populista”. Segundo eles eu queria “destruir” a poesia. Na era das Fake News quem chama a atenção para a verdade, para os snobismos, para as injustiças sociais, para os podres e indiferença das elites é facilmente carimbado com a palavra “populista”, “desestabilizador”. Aquele que veio para destruir a Poesia (they say), talvez seja aquele que a salva dos clichés que circulam de boca para boca. Dizer isso a alguém de estudou História, que valoriza a História, incluindo a literária, é uma verdadeira estupidez que nem se dão conta.

     Isto lembra-me uma pequena história ocorrida em tempos de licenciatura, um professor meu defendia que existia muita igualdade entre homens e mulheres artistas; ele insistia, estava convicto que tinha razão. Mas passados meses saíram novas estatísticas sobre as mulheres artistas nos espaços e instituições artísticas: a percentagem tinha subido de 1980 para 2015, mas estava muito aquém da igualdade. Naquela altura só me apeteceu pegar nos gráficos, estudo e esfregar na cara dele (quem nunca teve essa vontade que atire a primeira pedra; verão aqui não uma crítica ao politicamente correto, mas, sim, ao incentivo da violência, dirão eles. God Sake). Derrubar uma estátua, alegoricamente, pode ser derrubar “a idolatria à volta dessa estátua” e não propriamente a figura na estátua. Ficarmos apenas por Pessoa e Herberto, dois autores que leio e aprecio, é o mesmo que ficar por duas telas de Turner ou duas peças de Bach.

     Quando escrevi o poema, estava inconscientemente a pensar na viragem da Antiguidade para a Idade Média, quando as estátuas dos Deuses foram quebradas e destruídas pelos cristãos. Nessa altura, nenhum telejornal dramatizou a questão, nem vieram todos com o mesmo argumento: “Populismo”. Nem quando a Revolução Francesa derrubou outros tantos monumentos, o mesmo não foi feito. Estão a ver como estou a misturar tudo no mesmo saco? É o mesmo quando leio nos jornais, alguns até de letras. Mistura-se tudo: fascismo, populismo, cólera, racismo, feminismo, estátuas… querem todos sintetizar em quatro linhas aquilo que é uma questão complexa.

     Se sou a favor do derrube de estátuas? Alegoricamente, sim! Muitas vezes é preciso, para que a mudança se instale. Mudança essa que futuramente será derrubada por outros, faz parte. Sobre estátuas físicas tenho uma dupla opinião e é ambígua, aceito e condeno ao mesmo tempo. Uma estátua não apaga a História, nem reescreve a História, nisso estamos todos de acordo. Mas é necessário alterar o “paradigma” da representatividade no espaço público, se esses espaços são públicos eles devem representar toda a sociedade: negros, mulheres, homossexuais etc… Uma outra questão importante é ter em conta que a realidade dos EUA e de Portugal não é a mesma: não temos no jardim, que eu saiba, perto de nossa casa, figuras que são símbolo da repressão, racismo, tortura… Se eu fosse negro e houvesse uma esbelta estátua de um branco racista e nenhuma outra estátua que me representasse, eu acho que ficaria incomodado, sobretudo quando da estátua para a vivência quotidiano vai uma mínima distância.

     Cada estátua é uma estátua, cada caso um caso. Sobre Vieira, a minha reação foi repulsa, mas convém para verdade dos factos dizer a verdade: Vieira defendeu índios e incentivou a escravatura de negros: à luz do seu tempo estava demasiado avançado, mas à luz da nossa realidade não deixa de ser estranho, uns são humanos de primeira, outros de segunda. Mas, claro, é preciso enquadrar Vieira no seu tempo e valorizar Vieira pelo seu contributo à Língua Portuguesa – isso não está em causa. Mas uma coisa é certa, a estátua em si é tão “insignificante”, feia, um desperdício de bronze, uma mistura de realismo socialista (aquele braço para a frente) e de neoclassicismo (as crianças sentadinhas ao seu redor) que ficava mais bonita com uma cor avermelhada, dava-lhe vida. Por mim, só se apagava a palavra “Coloniza” e deixava-se o restante vermelho. Convenhamos, Vieira merecia melhor artista, outro facto.

   É preciso repensar o espaço público, é preciso denunciar as injustiças, é preciso combater o racismo que existe em Portugal, é preciso denunciar a apatia das elites fechadas nas suas bolhas … é preciso tudo isso, com derrubes metafóricos ou não, para despertar o poder e as suas elites. Se o derrube e destruição de património com a Revolução Francesa foi a faísca para a criação de Museus; talvez haja outros aspetos positivos no derrube de estátuas físicas e alegóricas do nosso tempo, nem que seja para lembrar que a mudança é urgente. Há casos e casos: casos com lógica, outros estúpidos, mas … calma. Não coloquemos tudo no saco do populismo e fascismo. Creio que as comunidades que decidiram retirar os seus objetos incomodativos não podem ser vistas como “fascistas”, bem pelo contrário, devem servir de exemplo. Não se trata de reescrever o passado, trata-se sim de dar melhor espaço público a quem também tem direito a ver-se nele representado.

     Se sou ou não a favor do derrube de estátuas? Mais do que ser a favor ou contra, vejo nesses atos sinais claros de mudança. É comum dizer-se que em Portugal não há racismo, isto é uma mentira. Há racismo (quantos negros são recusados nas entrevistas de trabalho?), machismo (quantas mulheres são mortas?), transfobia (quantos olhares de lado?), homofobia (que ainda é intensíssima) em Portugal, basta sairmos um pouco da nossa bolha e umbigo e olharmos com mais atenção. Se todos denunciassem, falassem talvez esta sociedade seria melhor. Mas, a verdade é que há muito servilismo e pedantismo neste país; e contra a propaganda do Estado, é necessário dizer o óbvio: somos ultraconservadores e em muitos aspetos somos “atrasados”, a começar pela elite. E dizê-lo não é apagar tudo aquilo que temos de bom. Podemos, sim, e devemos ser melhores.

II

FRAGMENTO #42

     Como se vê um mau crítico literário em 5 minutos? Simples. Quando, esse mesmo crítico, não consegue ir além da literalidade do texto. Ou, pior, quando sente que a paródia mais vil lhe serve de carapuça (duas faixas de azul vibrante com verde elétrico), o que é, de facto, um grave problema. Isto não é um poema, é um fragmento, assim como muitos dos seus textos não são Crítica, mas, sim, Crónicas de leitura. Este fragmento é quase tão filosófico e tão bom como os de Nietzsche (será que vai perceber que isto é uma auto-ironia que se transforma num espelho? Ainda vê bem?). Não vamos, aqui, partir estátua nenhuma, não, não, não vamos partir estátua nenhuma. Há que fazer como Christo (com h no meio): embrulhá-la em papel dourado, como sugeriu, e muito bem, Santos Barros, e colocá-la na prateleira dos Princípios Básicos da Literatura, no porão principal do Museu Municipal, na prateleira que ensina que o Autor (essa doce pessoa) não é o sanguinário do texto. Todos dizem-se “Críticos”, hoje em dia, são o exemplo vivo que a parábola de Cristo (sem h no meio), a da agulha e do camelo, ainda está bem viva.

III

     Cada geração conhece a renovação e atualização do papel do “Censor” e do “Crítico” que dorme. São egos feridos, balões de ar quente que dão de comer aos artistas e poetas “Sanguinários”. Quanto mais gritam, mais matéria-prima distribuem.

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 Cartolina dourada - A procura vai ser tanta que o preço já aumentou.

Fulgurações – heteropatia e confinamento

Antes do confinamento social de Março, devido à Covid-19, vivia-se na permanente excitação de viajar para outro lugar (heteromania mais do que heterodoxia). Aquilo que há poucas décadas era experimentado como extraordinário, passou a fazer parte do habitus de uma fatia grande da população. Renovar ou consolidar o ethos parecia exigir quase sempre outro topos. Uma espécie de “eu sou as viagens que faço”. Sendo que muitas destas expedições não extravasavam o “circuito postal”. 

Com o confinamento ficamos novamente parados (neo-sedentarismo), por hétero ou auto-petrificação. E se os encontros telemáticos parecem mitigar o isolamento, na verdade desvalorizam, inibem até, a já pouca motivação individual para uma mais rápida reativação dos encontros presenciais.

Espero, contudo, que a reconversão da obsessão por outros lugares, alimentada pela diminuição drástica do preço das viagens de avião, origine novas formas de deambular: dentro de nós, em auto-descoberta (“conhece-te a ti mesmo”, como queriam, não sem ambiguidades, e ao contrário dos salvíficos livros de auto-ajuda, Apolo e Sócrates), deslocando a motivação heteropática do exterior para o interior. Até porque ocupamos mais hábitos do que territórios. Creio que assim se poderá esclarecer um pouco melhor o que somos, pela dupla via da inclusão e da exclusão, um escrutínio de si que separe águas.

É que “alargar horizontes” (tremendo cliché que deve ser lido com cuidado) é tanto acolher novas experiências quanto evitar repetições estéreis ou insignificantes.

CONTEIRAS #1 e outros poemas de Regresso

“com o Minotauro,/ sob o olhar de deuses sem vergonha”

                                                    - Jorge de Sena

ao conselho ciêntifico de leitura insular


CONTEIRA #1

 

Ribeira Grande.

Norte de S. Miguel.

Ano da “desgraça” de 2020.

Em 2005 andavam a tentar perceber

se os guéridons de Picasso eram cubistas

modernos ou neoclássicos

mas hoje em 2020

usam frequentemente nas suas frases

as palavras Contemporânea e Performance.

Palavras que apontam para uma

tripla

salvação:

a chegada tardia ao século XXI – que na realidade

está por ser comprida.

o alargamento do ego – da média e da alta elite uma

leve mistura de sabão e idiotice.

o apagamento do sentido de inferioridade para com

os que regressam – essa cambada! (they say)

 

Sempre achei esses saltos demasiado ocos.

Sem nenhuma consistência.

                                    E é tão fácil encontrar a ferida.

 

Dona Olga e o Mestre das regras pensava que eu ia regressar à ilha

para lhes passar a mão pela cona e blica peluda ou

lamber-lhes o cu.

                 Pessoa fez da sua vida uma arca infinita.

APONTAMENTO ZOMBIE 0.1

Quando os cordeiros são convidados

para a real festa eles no alto do seu

plinto (julgam eles) fazem birra e

aproveitam a situação para medir

forças ou simplesmente para atirar

tartes de pouca cobertura à face da

                  generosidade.

Entre leituras literais e gotas de ar puro

julgam-se nos pináculos superiores das

              belas montanhas.

Mas quantos degraus abaixo estão

                 efetivamente?

 

          MÉTRICA SUÍNA

 

Este “esbelto” exemplar escreve

romances de longas lombadas

revestidas sempre com altas

cores venenosas Rosas elétrico

e aos fins-de-semana longe das

festas brancas da Vila Nobre

poemas (ai que me engasgo)

de alta e delicada métrica.

 

Nunca a palavra “métrica”

apareceu tão suja!

DEPOIMENTO DE ULISSES

“temo pelos leitores e já me

 tremem as velhas pernas”

     - Raul Milhafre

Regressar é finalmente pisar o paraíso

e de igual modo ou certo modo é pisar

o próprio chão batido do inferno. São

poucas as dúvidas que tenho sobre

isso. Nunca me poderão acusar nem

de cegueira nem de falta de lucidez.

Dizem que esta forma de escrita (um

rio) é sinal de pouca leitura e um

inconsistente estudo poético. Muitas

coisas dizem da boca para fora. Bom

é estender ao sol altos vocábulos da

literatura do século XVII pois há que

marcar a diferença manter a falhada

de Grandes Homens de Letras e bem

sabemos o que isso na prática quer

dizer. Volto à terra dos homens e das

mulheres simples os que usam o corpo

e a língua para nela morrer de dor. E

dos inversos espelhos (esses baços 

espelhos) estarei como sempre estive

bem longe. Tenho mortos suficientes. 

NECROMANTES

 

a Vítor Teves

 

Os necromantes das ilhas já
fazem rezas figas e mezinhas - um
pé de galinha preta três folhas de louro
alecrim sangue da palma que escreve e
três pentelhos - para a tua futura expulsão.

 

E as crianças sentadas fazendo birra
esperam pelo espetáculo do azar para

sozinhas chegarem ao título de Bispo.

 

                                            de Barbara Stronger

                                                     04.09.2018
                                       (caixa de sapatos rosa)



Yoko Ono - imagine Map Piece - 2003-2020..jpg

Yoko Ono - Imagine peace map, 2003-2020

ALTO CALIBRE e outros poemas

                 ALTO CALIBRE

 

Remando contra a maré no seu barquinho

de madeira ia registando antigas palavras

pequenas metáforas quebra-cabeças alguns

diagramas e o número exato de sílabas a

utilizar. Juntava papelinho a papelinho

imagem atrás de imagem palavra atrás de

palavra e parava para escutar as ondas da

maré que já ia alta. Remava remava no seu

isolado mar enquanto esperava pelo tempo

exato para a criação suprema. Mas adiava

adiava. Havia que criar a ilusão de que tudo

fora pensado ao mais ínfimo pormenor como

um relojoeiro de alta gama. Os dias foram

correndo e as pilhas iam aumentando as

notas espalhavam-se agora por todos os

cantos do barco e a obra-prima nunca

mais via a luz do dia. E vinham mais notas

outras notas e outras palavras e havia que

ouvir o mar o vento a água e a obra-prima

ainda por nascer. E remava remava e

reafirmava tudo aquilo que já fora dito.

Esperava sentado pelo momento certo

pela epifania que haveria de levar ao

poema. E de tanto esperar o frágil barco

afundando-se levou consigo o poema.

  TETAS LAVADAS

poesia exige (dizem eles em retórica fina)

preciosa lentidão. Contar as letras do alfabeto

dividir sílabas propor tabelas de sons exige

demasiado tempo. E há (para eles) que levar

o exercício da perícia pela pequena cidade.

É por isso que andam muito lentamente pelas

ruas da pequena cidade repetindo altos clichés

sobre a poesia. E quando se cansam de andar

param e esperam pelas lustrosas epifanias do

vale. E é por isso que tudo o mais não é poesia.

O poeta mede-se pelo tempo que demora a

escrever um poema (pensam eles). É por isso

que quem faz três por dias não pode ser poeta

nem saber escrever poemas (pensam eles).

Escrever mais de três poemas por dia é um

sacrilégio e se porventura forem publicados

online (a palavra online existe) como este é

é mera propaganda barata ou meros e altos

exercícios de monstruosidade. Tanta ordem

e tanto calibre para terminar nas Tetas Lavadas.

 

UM AÇORIANO MEU IRMÃO

   a João Pedro Garcia

  Lá fora é que é! Chega-se lá fora

(Ah lá fora!) e há árvores de fruto à

saída do aeroporto Mel sobre os

bancos do jardim Cerejas em cada esquina

e longas e longas cascatas de champanhe.

Maravilhas mil que aqui não tenho.

Ah lá fora é que é! Tudo é tão fácil lá fora

tudo entregue à mão de semear

tudo dado de mão beijada. Tudo doce

aos nossos pés. Ah lá fora!

E eu aqui a lutar de Sol a Sol feito

um cão nesta terra agreste e sem ter

ninguém com quem partilhar a minha dor

esta tão grande dor que me assola nas

pontas dos dedos. Ah lá fora!

 Se eu pudesse ir lá para fora!

Eu que recolho todos os pedacinhos de jornal

que sigo à risca os desígnios da grande

crítica de culinária universal

eu que sigo as receitas mais elaboradas

da culinária francesa inglesa alemã

eu que mereço tudo isso estou aqui quase morto

sem o devido receber. Pobre sina!

Pobre minha sina!

Ah lá fora! Lá fora é que é!

CINCO FRASES FLÁCIDAS

A grande coxa cai a pique pelo coxim da bicicleta.

                                         Balança o grande braço esvaziado.

O rabo cheesecake derrete ao sol.

                                         Sobre o estendal estende o tempo a fina mama.

Pendentes os testículos sonham chegar aos joelhos.

O POEMA ENSINA A CAIR…                                   

                                               na cadeira de braços  

                                             na cadeira de baloiço                                                                         

                                             no sofá de couro

                                             no coxim de cetim

                                             no divã bege

                                             na poltrona vermelha

                                             na poltrona às flores

                                             na chaise longue bordeaux

                                             na chaise longue Marcel Breuer

 Sean Leanders