As famílias literárias

António Guerreiro escreve um bom artigo no Público. Eis um excerto: 

as editoras tendem a funcionar como clubes, a formar “famílias” cujos membros se protegem reciprocamente e se sentem vinculados a uma pequena comunidade.

O clubismo não é problema único das editoras. Os suplementos culturais, os departamentos universitários. Tudo o que em Portugal se dedica (ou deveria) a pensar se assemelha a um clube de amigos. No mesmo jornal em que Guerreiro publica este texto sai uma recensão a um livro que faz parte do Clube SIC e foi amplamente divulgado por esse Umberto Eco das manhãs chamado Júlia Pinheiro. Versando sobre o literato assassino Manuel Palito e pretendendo chegar às massas, presume-se que esse livro não seria alvo de recensão caso não tivesse sido escrito por um dos recenseadores com lugar cativo no Ípsilon. Tendo em conta que o próprio Guerreiro é muito “criterioso” nos livros que decide divulgar (não cabem mais do que duas editoras no seu leque de escolhas), aplauda-se a humildade de quem se decide debruçar sobre um problema para o qual muito tem contribuído.