de «Cenas de uma vida conjugal»

Andamos até ao centro do ruído,
ao círculo em que tudo se comove.
Não sei falar de outra coisa:
esta casa, vozes espantadas,
risos que bafejam mais vida sobre a
corrente daninha que nos amarra os pés.

Sentada no colo de ti mesma,
num canto remexendo cabelos,
nunca soubeste de tal encontro.
A conversa entretida com seu arrombo,
puxando varizes, convertendo noções,
eu a morder o menos possível numa
hora discreta para que chegues.

Mas a hora não avança nem resolve
e eu pensei que estávamos juntos.
Os meus sinais são teus papéis ilegíveis
deixados sobre a mesa, ardendo
fundos num prato sujo. A persiana
faz subir a luz: equação mirabolante.