ao condensar-se em terra

“O chão começa a chamar
as formas estruturadas
faz tanto tempo. Convoca-as
a serem terra outra vez.”

(Carlos Drummond de Andrade)

 

ao condensar-se em terra
o corpo
vence a ausência 

prenhe de coisas que
- despidas –
a vida deserta

saciando a sanha da
memória
com fome de silêncio 

(mas pode também o corpo
brotar do sal
ajuntar-se em flores 

circundando assim uma casa
estéril
com seus jardins carnais) 

medindo o peso de seus
nadas
em largas balanças de ar 

(ou construir horizontal
em véus
suas reminiscências líquidas 

estirando no leito as margens
ocultas
 do fixo que caminha)