pele de cervo

estalam os olhos escuros,
no incrível escuro sozinhos,
onde rasgam a bala o caminho.
é bela a estrada da neve no azul de metal.
céu, céu, e quantas estrelas o sabem?
pele de cervo, suas patas se agitam
ao sentir a tensão
na paisagem.
                      pressente inocente animal
faca de mão trinchadora, o segredo
dos homens armados. as faixas de sangue
pintam o branco, a mente uma página em branco
no horror de mesas metálicas,
no frio solitário das facas.
                     pele de cervo, tremor sob os músculos,
ruído nenhum escondido no vale,
o seu último sopro em cena,
crianças se escondem minúsculo.
céu, céu e estrelas brilhando,
                     brilho de pontas, cinco brilhando,
doze se contam no céu aureolado,
e cheira a churrasco o seu riso.
quem compra, a que preço de sonho,
o maior pesadelo? correm perdidas no medo,
pressente inocente animal.
pele de cervo, o que foge
e nunca reage: o céu, no escuro sozinho,
tímidas patas no estranho caminho.
céu, céu e as estrelas, distâncias astrais,
                     a mesa do frio,
neve e orvalho, bocas de sangue no azul.
crianças se curvam minúsculo, nuas
órbitas abrem, e o banho.
                     pele de cervo: o escravo, o estranho.