Cinco poemas de Gabriel Resende Santos
/potência
só em voga para a alma
dos que são pegos
em fins de semana
na folga da aula
e do estágio: o choque
da tropa que sempre
passou longe e que
de repente perto
virá a ser caldo
da composição
mais tarde alinhavada
no calhau do iphone:
abrir-se das mãos de fabro
na neblina de veneno
e do terceiro olho
até então vedado
que agora arde
é menos distinto
direto da bomba
medir o labor de fêmur ulna
e tendão pela luz
(a que vem na conta)
na pavuna na clausura
das turbas de trem e metrô
antes de reaver outro
metro: a mensura da língua
no falso reino do vigor
fotografia úmida
atrás da lente
voyeur
a vista cansada
súbita se reequilibra
ao conjurar a saída
da dívida da fome da raiva
no extremo do pé da mão do fio
do palimpsesto encardido
tatuagem sobre tatuagem
lábio sobre lábio
flash
no lugar da modelo
livros encharcados
na banheira das sirenas
calma
reaja ao pavor
da ideia escapista
ao corte da visão
se a corda afrodisíaca
desnuda suas fortes
escamas distendendo
a mão premindo a
traqueia a ponto
de fazer feridas
sua presa moída
no aperto marcial
expelindo vida
não se entregue
à branda lírica
dessa luz do fim
e lance-se ao
tapa-olho e tape
o calvário do bicho
face que morre
asfixiada em couro
e algodão
arrefeça o ódio
em sintaxe
e circulação
a extroversão
soltar as farpas
na própria língua
e pelo ferro filante
insinuante à mucosa
afetar misantropia
com dentes rúbidos
e na fisionomia
certo descaso
enquanto desova dos lanhos
sílaba por sílaba
a fala afoita
hemorrágica mas
enfim liberta