O canto do fogo

Aos meus hóspedes de Piégon

 cavar um buraco
cobri-lo com galhos
andar devagar
assobiar
e cair enfim
nessa briga empedernida
são qualidades dignas
das próprias ficções
da lareira de Piégon
e da sua boca de fogo

uma câmara hipnótica
de um desejo irrefreável
uma reserva natural onde
as labaredas azuis e amarelas
acarinham
confortam
acariciam
acalentam
quem chegar mais perto

E o que é o amor
se não for a forma
mais alta de contenção
de lisonjear
de rubificar
de cobiçar
de irradiar
o calor necessário
do primeiro fogo do ano
quando quatro amigos
inventem  jogos de palavras
numa noite de chuva
que vai estrear
a noite de Halloween