O DERRADEIRO POEMA SOBRE O VÍRUS (...)

O DERRADEIRO POEMA SOBRE O VÍRUS

                COM O SUBTÍTULO

            ABRIL EM CHERNOBLY

  Ou será Chernobly em Abril? Não sei,

não sei, não interessa! Este é o derradeiro

poema (quero dizer, Soneto) à vinda

do Birus, do Vírus, do Tirus. Tirus? Sim

vinte tiros (com sotaque do norte) no pé.

Mas pior é ver a Genética com a Estética

(mais alguma palavra que acabe em -ética?)

Bom, eu até procurava no dicionário mais

alguma bonita palavra, mas, confesso, não

me apetece nada ir receber o Camões.

E, sim, este poema, este soneto de cama,

é mau. É, claro, que é mau. Tinha de ser

mau para servir de lupa amplificadora

do vírus que anda por aí em jornais de

duas siglas. Mau até dar com um pau.

                          (até rima, já viram?)

Recapitulemos: este poema, sim, é o

derradeiro poema sobre o vírus. Mas

qual vírus? O da linguagem (Langua

ge is a virus) ou do contente nome?



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Laurie Anderson - O superman, 1982.