3 poemas de Eeva Kilpi

Pai, ontem choveu

e hoje choveu ainda há pouco.

Contudo está quente.

Deve vir um bom Outono de cogumelos.

 

Pai, em breve dão as notícias da noite

e a sauna está pronta.

 

Pai, regressa ao meu sonho.

Dar-te-ei pão, queijo

a bagas,

irei buscar água à nascente.

 

Pai, deixa-me practicar ainda.

É estranho estar assim insensível.

 

 

 

Bem se realmente

queres que me confesse

que assim seja:

eu tive

trinta e seis amantes.

Sim, tens razão,

é demasiado.

Trinta e cinco teriam chegado.

Mas amor, o trigésimo sexto

és tu.

   

 

Amantes oferecem um ao outro reinos,

novas pátrias, continentes e raras línguas.

Quando se separam, os presentes permanecem-lhe,

são irreversíveis

E o seu amor permanece neles

como literatura, habilidade na língua,

poemas e histórias

que eles juntos compuseram

na língua de cada um.

Assim o amor torna o mundo mais amplo,

assim, mesmo no seu desaparecimento

dá à luz paz e compreensão.

Novos corações se abrem,

há um pouco mais a partilhar

com os amantes seguintes.

 

Eeva Kilpi