Quatro poemas de Israel Azevedo

DANTE

Dura
como pedra, a face
austera. Pesada pena
ao punho crava.
Crava ao punho, a lavra.
Na rubra touca, belas:
folhas de louro
paralelas.

 

ESBOÇO PARA FRANZ KLINE

fortuita moldura ampara a pintura
onde uma face afilada adorna a figura
de dois olhos tristes
de estreita abertura.

 

KOŠICE

mais
do que vastas
obras
entre mãos
tornadas
cores
que cintilam
aos cachos
que dos altares
deslizam
a ter
com olhares
que
arqueiam.

 

TUAREG

atai aos lábios,
    o silêncio de mil desertos

moldai aos ventos,
             dois olhos de areia.