MY BACK HURTS

to Alexander the Great,
whom I would nurse forever


My back hurts when I bend the sun.
Because I carry your stiff
and proper head with no pats.

Someone mentioned love, a riot
a blueness, a pig head but my song
son, it is a song with no offense.

And I

With the events of its kind
(I believe they are all set)

I your mamma
out with cigarettes
filled with caress

Sail your head on my stoat red lap
steady please with giddiness and I
do it at last. Your head, my lap
tripping fingers on your strap and I
do it fast with cutter hands.

But then I believe no nothing serves well
no one is lipping so heavily this debt
as you swell, so I tremble and its immense.

And I

I just want a portion of petty things
to shut me down on a bedroom hall
or a coffee. I say black and there it is
I say black and there he is clothing
the one thing that can be clad.

And I your sis’
victress on my dress
I mean if you’re aware

I have learned nothing but your head
your bare head with no spring coming in.

But then again a punnet of regret
because no nothing is tied, sir
no nothing at all, as you said.
But my hands, sir, my legs
why do they lie within a stuck foil?

(So that begins what I have said.)

And I
face down
I am

The sorority of little things coming
from hand to hand crowning my heir
forever and ever again and again
for the slip of others to pour and declare
word by word mouth to mouth
love and bleach at your despair.

And I

I just want the hole site of the hole
where it deepens as I sit and go
with everything to the very end of it all.
Let me convince you how extraordinaire
I shed, you gulp. I nick, you go.

And I
I guess

I Just want you on my favourite bed
trite sheets with gloves as well
and the milky swannery for the rest.
Milk to the swans, do you understand?
As we loop as we pause as we look at it close.

hmm hmm hmm, hmm hmm hmm
this gothic love song

As my back hurts so and so.
As your head comes as your head goes
rolling gently through my toes
against this winter of jaded coats.

«Há dez anos que escrevo o mesmo poema»

Há dez anos que escrevo o mesmo poema
no mesmo café.
Esta ideia arrumada nesta cadeira triste
todos os dias no mesmo sítio.
Até que me venham bater à porta
ando meio distraída nisto. 

Falam-me da barbárie e dos seus irmãos brutos
mas ninguém falou ainda da flor de Coleridge
nem das pernas melancólicas dos meus amigos. 

Exceptuando isto penso no imenso com os dentes.
Penso num serviço de chá e numa porta de serviço.
Penso num chão absoluto no petróleo e na lixívia.
Penso na tua cabeça enunciativa e és um Rolls
às nove e meia da noite para toda a parte comigo. 

Exceptuando isto talvez não se morra e ninguém
desça à guerra e ao medo senão pelos livros.
Penso no amor e exceptuando isso está frio
e a mudança de hora e a jukebox
e contar-te os meus medos porque penso nisto há dez anos
que penso nisto. 

Cruz na porta da tabacaria e o teu cabelo
cortado à escovinha.
Há dez anos que desconfio do mesmo poema 

 

forma inteira do homem para diante
e de diante para o abismo

  

E poder ser livre e fumar na cama
com a excitação de arder numa linha. 

É que Sócrates nunca escreveu.
Milton ao menos fingia.
No fim de contas caía bem.
Um Kropotkin e uma bica.

E convicção ser do teu signo.
Porque uma coisa nos atraía.
Fome não era adição.
Erecção não era cinismo.
Porque havia motivo para risos. 

Tu nunca te atrasaste.
Tu nunca te mataste.
Porque enfim não mentiste 

que há dez anos que escreves o mesmo poema 

 

tu que só queres o sol
para descê-lo para descê-lo
ilha dos amores  

 

no mesmo corpo no mesmo casaco
apoiado à esquerda do meu braço. 

Começo pela paisagem

Começo pela paisagem e termino no cultismo. É muita coisa a acontecer. Muita gente em meio mundo. Mãos que juram felizes. Dedos abrindo em festa. Muito mosquedo para coisa nenhuma. Aqui na terra santa, coisa muito inevitável, amortece-se. Mas deixe-se o povo soer. Deixe-se o povo escolher. O malho. O cano. O pão escuro. A própria mão. Ter maneiras. Ter até religião. Ou não seriam os deuses as circunstâncias e esta cadeira existir porque nos sentamos nela. Está neste assunto há mais tempo que vocês e nem ruga do peso. Deixe-se, coisa mais natural, que aconteça as ruas sozinhas e a nossa solidão sem vizinho. Deixe-se anoitecer e por curiosidade amanhecer. Puxe-se o cobertor do orgulho para o grande não. Puxe-se quando sim o bendito o gatilho. Não se suicide quem não. E esteja pronto para vestir preto o diamante. Porque diamante bebe-se perfeito. Há-de bater certo e a direito. Mas ah (abrindo a boca) a esperança é a de que um dia isto se ponha à briga ou seque e palha para que vos quero! Não nos falte turfa para acender. Isto ou a tesão de mestre indo ao focinho de certos quantos. Faz sinal. Faz ouro. Faz fisgas. E fogueteiros para dentro. Ou põe-te bicudo e bate sóbrio nesta marchinha sempre em frente. Se te queres rodear de belos e novos e belos e justos põe-te à porta do escritório, põe-te fila no anúncio: “Perderam-se chinelos que avançavam ternamente e vontade de rir. Dá-se corpo. Enganei-me no mundo, quero surgir — p. s. Noutro. sff.” Muda de água ou de flores ou de vinho. Muda-te para onde nada exista, beija o cínico na testa, leva-o a ver o mar ou leva esta moral de risinhos para a sua própria cama. Ter-te-ás por certo ultrapassado na grande novidade do teu evento puro, analfabeto. Ou ter-me-ias poupado a essa evidência de me comeres com o sorriso. Falta-te um dente. Falta-me inclinação para te dizer. Que não será diferente. Isto. O mundo. Isto. Que eu que tão cego como tu tenho ao léu um corpo grande com força deslocando-se para outro. Para o teu, por exemplo. Não sei que palavra sublinhe. Escândalo? Doente? Abre o leque de linho e abana-te. Estão quarenta e três graus de luto asinino e avizinha-se outro tanto. Digo-te eu que tenho a fatalidade da visão embora os prédios em frente. Está um grande febrão metafísico. Em breve será a miséria a inteligente, e a inteligente a magoadinha. Por isso te digo que não serás amável, se não for com a esquerda que entras e comes, com ela limpa. Mas convido-te para a ceia. Passará pelos teus lábios líquida como se te pusesse em ombros em pé no cinema. Bebo ao futuro disso. À saúde das mãos lucidamente inimigas. À época triste nisso. Às tuas cãs, às minhas. Ao triunfo do lixo. À tua barriga anunciando a hora. E há qualquer coisa nisto que chora, mas pouco. Brinco ao fumo eu que fumo muito e não desisto. Tenho dois pulmões e agora que a Primavera. Danço até ao fim da perna. E a minha termina em forma de casco bicho.