“Em Busca Do Tempo Perdido”

“You belong to me and all Paris belongs to me and I belong to this notebook and this pencil.”
Ernest Hemingway, “A Moveable Feast”

Nem cheiro de Hemingway, e de Miller só um toque nas costas lá para os lados da descida da
torre,
Enquanto se espera, arrisca-se, de Pigalle muitas promessas de dildos e bolinhas no cu, as
luzes
Lá estão e as adolescentes bêbadas, sem necessidades, só vontade de vomitar nas ruas, ecos
De avós e visavós, deslumbramento precoce das traças pelos candeeiros e a alienação da
massa,
Demasiada gente enlatada à espera dos mausoléus, disto ou daquilo para chegar a tão pouco
ou nada,
Ou apenas a sinceridade real de uma desilusão, só nos copos de vinho excessivamente
espremidos
Se encontra o bigode de Django Reinhardt e o brilho de outros tempos que só as paredes
conheceram,
Sonha-se na viagem, as ruas encerram tudo, o copo vazio desmistifica a neblina, o vento frio
entorpece
A caneta e os dedos, não há outra aventura além do risco da violência inocente na
madrugada da metrópole,
Metropolitain e muito barulho das luzes, vende-se a ilusão a pratos cheios e quentes,
diferentes
Da Dobrada à Moda do Porto e no final as casas de banho só escondem cheiro a mijo e ecos
do que cada
Um pode imaginar segundo as suas experiências, o cansaço eleva razões para o salto nas
cidades
Virgens de libertinagem, apesar de tudo, sente-se a vibração latente nos olhos dos que
procuram
A possibilidade de um filme de Woody Allen, mesmo que patológica a nostalgia como a
saudade,
Um dia também a poderá conhecer e explorar numa cidade onde arrefecem pratos, onde
renasceu
Zombie poeta um aldeão viciado na passagem e na paisagem, imediatamente se esquece o
verdadeiro
Sabor e fica apenas a recordação do gosto quente, nas palavras nunca arrefece, por isso
sonho
Com Paris dos livros, aqui, neste Paris onde os copos se esvaziam, adiando o sono e a visita a
ecos de génios.


08-02-2014
Montmartre