Maio
/Na seiva desesperada das árvores dormentes,
Correm agora os pântanos, as ilusões despertas
Pela persistência do sol, apresentam-se os rebentos
Aos hinos das aves, contudo há amores que não regressam,
Escondidos nas vergonhas de raízes curtas,
Ecoando em cada folha seca que a nova erva levanta,
Dormir torna-se numa náusea breve interrompida
Por sonhos de pálpebras rubras, convergentes nos desejos que subsistem,
As crianças riem ao sol e eu já não as invejo,
Vontade apenas, de musgo, terra nas unhas
E os joelhos encardidos pelo peso da inocência.
Turku
01/05/2024