"Depois deste dilúvio" de Ingeborg Bachmann

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Tradução: J. Carlos Teixeira


Depois deste dilúvio

Depois deste dilúvio,
queria a pomba
e nada mais do que a pomba
ver - salva uma vez mais.

Eu afogar-me-ia neste mar!
Não voasse ela para longe,
não trouxesse ela
a folha na última hora.


Nach dieser Sintflut

Nach dieser Sintflut
möchte ich die Taube,
und nichts als die Taube,
noch einmal gerettet sehn.

Ich ginge ja unter in diesem Meer!
flög’ sie nicht aus,
brächte sie nicht
in letzter Stunde das Blatt.

"Fraternidade" de Ingeborg Bachmann

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Tradução: J. Carlos Teixeira

Fraternidade

Tudo abre a ferida -
nenhum de nós perdoou o outro.
Ferido como tu e ferindo,
guiei-me em direção a ti.

O mais puro, o espírito do toque,
a cada toque aumenta;
provámo-lo ao envelhecer:
invertidos no mais frio silêncio.

in Gedichte 1957-1961


Bruderschaft

Alles ist Wundenschlagen,
und keiner hat keinem verziehn.
Verletzt wie du und verletzend,
lebte ich auf dich hin.

Die reine, die Geistberührung,
um jede Berührung vermehrt,
wir erfahren sie alternd,
ins kälteste Schweigen gekehrt

in Gedichte 1957-1961

"Fica" de Ingeborg Bachmann

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Tradução: J. Carlos Teixeira

Fica

As viagens terminam,
não mais se sente o vento.
Tomba-te nas mãos
um frágil castelo de cartas.

As cartas são ilustradas
e mostram cada lugar.
Tu retrataste o mundo,
baralhando-o com a palavra.

Quão profundas as partidas
agora em curso!
Fica, para tirares a carta
com a qual se ganha.

in Anrufung des großen Bären, 1956


Bleib

Die Fahrten gehn zu Ende,
der Fahrtenwind bleibt aus.
Es fällt dir in die Hände
ein leichtes Kartenhaus.

Die Karten sind bebildert
und zeigen jeden Ort.
Du hast die Welt geschildert
und mischst sie mit dem Wort.

Profundum der Partien,
die dann im Gange sind!
Bleib, um das Blatt zu ziehen,
mit dem man sie gewinnt.

in Anrufung des großen Bären, 1956