7.

tem toda a gente debruçada sobre ela. recorte esguio sobre fundo azul, o corpo fingido de estatua e os cabelos, amarrados, em grande cúpula de olhar vidrado – somente por um segundo pestanejou através dessa cortina de gelo, embora não se tenha virado nenhuma vez para a multidão. de repente tudo fica solene. depois do arrebatamento, a euforia deu lugar aos receios múltiplos de quem vira acontecer tragédias e fracassos vezes demais. cada instante pulsava com as respirações em crescendo. e depois já nada se ouvia a não ser, a provação do som. ela - na agilidade habitual a que tinha acostumado outros tantos - severa consigo e ainda assim harmoniosa com os presentes. elegeu criteriosamente a sincronia da implosão com os braços em contacto com a vertigem. não demorou mais que pouco. e em menos de nada o que só ela sabia é que tinham sido eles os escolhidos para assistir in loco a sua irreversível despedida.