Caderno 3
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onde encontrará mais informação sobre a publicação e vídeos de leituras de alguns poemas.
somos o púlsar das aves/ a rocha linguística/
toda potencia calquera virtualidade/ unha exposición infinita/
un infinito de dor// non cruzamos correspondencias
Chus Pato, Sonora
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Eu vou.
O espelho diz-me então
que tenho sete vidas (mais não)
e poderei regressar ainda viva da mina
de carvão que fica na ponta oeste do
vale da velha união, onde foi rogada a praga
da vidente ensimesmada que afastou para sempre
moças e mancebos da terra de seus pais para
países longínquos onde becos, esquinas, vielas
e sinuosidades escuras servem de tronos reais.
O ás de espadas fará as apresentações
da manilha de anões que, à entrada
da cave oficial do centro de desemprego,
filão empregador de jovens muito velhos,
deverei incorporar: o cordial, o amável
o estratega, o submisso, o faz-tudo
o abnegado e o mudo, muito mudo.
A bela adormecida acordou sem
beijos e já se meteu a caminho,
evitando a ordem de despejo:
para o trabalho, eu vou
eu vou, eu vou.
Nota: A primeira versão deste poema foi originalmente publicada no livro Dívida Soberana (Mariposa Azual, 2012)
O carro arde, é
verão, falha-me
a embraiagem
(confesso que
tenho medo).
É por Monsanto que
sigo para recuperar
no opifício do comercial
centro a celeridade e
beijar as montras do
auto-conhecimento.
Faço aquisições, toco
na pele do pêssego.
Posso porque conheço
tão bem o curso que
me transporta para o
nível menos um
como a família
de feudatários
da qual descendo.
respiro o condicionado
ar e a consolação de
um austero
estacionamento.
Está escuro
está fresco
reina o silêncio.
Regresso ao vermelho
lugar e espera-me
aí – ar gasoso e suspenso
o garagista com olhos de Cristo
e é com mãos nos bolsos
que me aponta
o dedo.
De mão dada com
o meu saco plástico,
não me mexo.
De olhos fechados
conto até três
(como Ele pede)
mas é ponto
assente:
Pulverizados podem
seguir outros corpos
em nuvens isentas
financeiros túneis ou
vias rápidas mas
face ao ultimato
não concedo
Penso em nós –
súbditos amantes
no fundo do
saco de polietileno –
e simplesmente
não desapareço.
Livros, filmes, ideias.