Charles Bukowski, uma leitura de poesia

tradução de João Coles

olhem para eles.
este lugar é como um bar,
vendido,
poeta e público ambos bêbedos.
de quando em vez uma lâmpada flash apaga-se,
o microfone ainda não funciona,
o poeta está sentado,
uma oportunidade para beber mais.
uma rapariga aproxima-se,
fofa, sexy, psicótica,
tem um dos livros do poeta
aberto para o autógrafo,
ele escreve, "rachava-te toda em três minutos",
esquece-se de assinar o seu nome,
faz uma pausa para beber outra vez.
o microfone funciona,
agora sim, o poeta lê,
sentido-se incitado,
esquecendo-se que aceitara ler por dinheiro.
depois de vários poemas o poeta levanta-se,
anuncia, "suas grandessíssimas merdas ranhosas,
vocês julgam que isto é fácil, isto não é nada mais do que a porra de uma sangradura".
"dá-nos mais sangue!", grita um jovem rapaz lá
do fundo.
é o melhor poema da noite.

o poeta emborca meio copo de whiskey puro,
acende o charuto, exala o fumo.
por vezes riem,
por vezes aplaudem,
confundem-no, como a maioria das coisas.
ele vai beberricando até ao final,
e então outra miúda fofa, sensual e psicótica aproxima-se da sua mesa,
diz que é do jornal regional, que gostaria de fazer algumas perguntas.
ela senta-se,
ele responde à primeira pergunta,
olhando para o seu cabelo e para os seus olhos,
imaginando-a na cama com ele,
"o que pensa sobre F. Scott Fitzgerald?", pergunta,
"eu nunca", responde, "penso nele",
abanando a mão em ênfase despreocupada
entorna a cerveja em cima das suas calças de ganga justas
dizendo, "meu Deus, meu Deus, peço desculpa",
esfregando as suas mãos pelos joelhos e pelas coxas molhadas dela acima
como a secasse.
ela vai-se embora e o promotor aguarda-o com o dinheiro,
$432.
"merda", diz o poeta, "vocês prometeram-me $500",
"bem, tivemos de pagar $68 a estes dois matulões para impedir que o público lhe caísse em cima",
"quer dizer que fui assim tão bom?", perguntou o poeta,
"tão mau", diz o promotor,
levantando-se e indo-se embora.
o poeta serve outra bebida,
pega no microfone, "ouçam, ainda não acabei,
vou ler-vos outro poema",
alguém corta a corrente ao microfone.
ninguém protesta.

o poeta abandona a mesa
e consegue chegar à casa de banho.
está de pé e de pé mija.
um homem a seu lado também está a mijar.
o poeta vira-se para o homem,
"ouça, amigo, onde é que posso arranjar um belo naco?",
"estava para lhe perguntar a mesma coisa", disse ele.

Da última leitura pública de Bukowski, em Redondo Beach CA, 31 de Março, 1980


giving a poetry reading

 

look at them.
this place like a bar,
sold out,
poet and audience both drunk.
now and then a flashbulb goes off,
the mic still doens't work,
the poet sits,
a chance to drink more.
a little girl comes up,
sweet, sexy, psychotic,
holds one of the poet's books
opened to autograph,
he writes, I could rip you apart in 3 minutes,
forgets to sign his name,
pause for another drink.
the mic works,
now the poet reads,
feeling put upon,
forgetting that he has agreed to read for money.
after several poems the poet stands up,
announces, you god damn slimy shits,
you think this is easy, this is nothing but a motherfucking bloodletting.
give us more blood, screams a young boy from the back.
it's the best poem of the night.

the poet drinks off half a glass of straight whiskey,
lights a cigar, hacks it out.
sometimes they laugh,
sometimes they applaud,
they confuse him, but most things do.
he drinks his way to the finish,
then a another sweet sexy psychotic girl comes up to his table,
says she's from the local paper, that liked to ask some questions.
she sits down,
he answers the first question
looking at her hair and her eyes,
immagining her in bed with him,
what do you think of F. Scott Fitzgerad, she asks,
I never, he answers, think of him,
waving hand in nonchalant enphasis
he spills a large beer across her tight blue jeans
saying, jesus, jesus, I'm sorry,
rubbing his hands along her knees and her wet thighs
as if to dry her
she leaves and the promoter awaits with the money,
$432.
shit, says the poet, you promised me $500,
well, we had to pay these two big guys $68 to keep the crowd from swarming over you,
you mean I as that good, asked the poet,
that bad, says the promoter,
getting up and leaving.
the poet pours another drink,
grabs the mic, listen, I ain't finished yet,
I'm going to read you another poem.
somebody shuts the mic power off.
nobody protests.

the poet gets dowm from his table,
makes it to the men's room.
standing stands pissing.
a man next to him is also pissing,
the poet says to the man,
listen buddy, where can I get a piece of ass,
I was going to ask you the same thing, he says.

Kazuo Ishiguro

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Ontem foi dia de Nobel da Literatura, venceu Kazuo Ishiguro, do aclamado The Remains of the Day, que o cinema ajudou a popularizar. É um autor pouco, e talvez mal, traduzido em Portugal (desconheço a situação brasileira), a Enfermaria deixa aqui a tradução de um retrato que a célebre revista francesa Le magazine Littéraire fez dele em 2015.

“Chegado ao Reino Unido, vindo do Japão, com seis de idade, o autor de The Remains of the Day tornou-se um dos escritores britânicos mais emblemáticos. Com uma fleuma inoxidável, há dez anos que não publicava um novo livro.

Antes de mais, há uma extraordinária dualidade: a face indubitavelmente japonesa e a expressão absolutamente britânica. Quem é Kazuo Ishiguro? A primeira vez que o encontramos, em 1997, aquando da publicação em França do seu romance The Unconsoled, tinha-nos recebido na sua casa londrina, tipicamente inglesa, «ou melhor, tipicamente inglesa como a imaginam os franceses», corrige ele hoje. Fomos embora um pouco desorientados: um escritor anglo-japonês, capaz de escrever com o absoluto domínio do estilo «japonizante», até mesmo japonês, e ao mesmo tempo capaz de se inscrever na mais pura tradição romanesca britânica (The Remains of the Day), antes de construir, com idêntico sucesso, uma obra claramente da Mitteleuropa (The Unconsoled). Estavamos, com certeza, na presença de um problema de identidade...

Dez anos depois do seu último livro, Never Let Me Go, surpreende-nos novamente com The Buried Giant, uma espécie de narrativa «pós-Arturiana» palpitante, cheia desse realismo mágico que fez o sucesso da literatura latino-americana e marcou, para o melhor, toda uma geração de autores britânicos vindos de fora. Ocasião para, neste novo encontro num bar de um grande hotel parisiense, tirar tudo a limpo. «Não, não tenho problemas de identidade. Sinto-me britânico, e de uma certa forma muito inglês, mesmo se a minha parte japonesa é para mim importante. Cresci na Inglaterra, vi a sociedade mudar, e enquanto escritor tive a minha parte de responsabilidade nessa mudança. Por isso, sinto-me cada vez mais inglês.»

Rápido salto no tempo, como nessas analepses que ele tanto usava nos seus primeiros livros. Estamos em 1960, Kazuo Ishiguro tem 6 anos, o seu pai é convidado pelo governo de sua Great Majesty a vir prosseguir em Guildford (Surrey) as investigações em oceanografia. A estadia devia durar 3 anos, será definitiva. Quinze anos depois do fim da sangrenta guerra que opôs o Japão aos Aliados, imagina-se que não terá sido propriamente fácil para o jovem Ishiguro de ser aceite pelos colegas da escola... «Nada disso. Era o único não-branco da minha turma, mas nunca sofri a mínima marca de racismo.» Acrescentando que quando brincava à guerra com os seus pequenos amigos, insistia «para estar no lado dos que combatiam os alemães, não os japoneses. E que se, por azar, os japoneses eram os inimigos, podia fingir ser coreano.»

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Sucesso imediato

Uma infância inglesa das mais banais, ritmada pela ida à Igreja, à escola e a amabilidade da vizinhança. Uma única nota falsa numa noite de «the joyful day of deliverance», tradicionalmente organizada além-Mancha no 5 de Novembro para festejar a derrota da Gunpowder Plot em 1605. A fogueira sobre a qual se queima simbolicamente o manequim do malfeitor Guy Fawkes estava no jardim dos pais de um colega de turma. «Quando ele viu a minha mãe, que tinha ficado na penumbra, a face deformada pela luz das chamas, ficou muito pálido e desapareceu subitamente.» Soube depois que tinha estado alguns anos cativo num campo japonês conhecido pela sua dureza. Até ali muito cordial com os seus vizinhos japoneses, o ex-prisioneiro não tinha suportado a emergência circunstancial de lembranças traumáticas. Mas depois de esta viagem no tempo continuou a manifestar aos vizinhos a mais sincera simpatia.

Passou o tempo, e o rapaz, perfeitamente inserido nos anos 70 britânicos, sonhava ser uma rock star, ou melhor, um guitar hero. Depois fez um ano sabático viajando à boleia através dos Estados Unidos, antes de ir para a universidade estudar literatura inglesa e filosofia. E a escrita? Ela surgiu subitamente aos 28 anos, quando sentiu a necessidade de olhar, antes do desvanecimento total, para a sua breve infância japonesa. Tendo, entretanto, seguido cursos de escrita na universidade de East Anglia, dirigidos por Ray Bradbury, deidicou-se ao seu primeiro romance, A Pale View of Hillis. «Na época tinha um emprego social e não sentia a mínima esperança de vir a viver da escrita, confidencia. De qualquer forma, a literatura não possuia nessa época a aura que obteve mais tarde; a música e a televisão estavam muito mais na moda, um sucesso literário limitava-se a ter uma boa crítica num jornal de referência, nada mais.» O sucesso, no entanto, foi imediato: em poucos livros, distinguidos com vários prémios importantes, entre eles o Booker Prize para The Remains of the Day, Kazuo impôs-se como uma das vozes maiores da nova geração literária, ao seu lado estavam Salman Rushdie, Martin Amis e Ian McEwan.

«Ish», como lhe chamam os amigos, é um autêntico escritor inglês, quase um puro, mesmo se a escrita, pela sua fluidez e limpidez, beneficia, sem dúvida, do legado nipónico. Subsiste uma questão: que coerência há numa obra tecida de universos tão díspares, marcada por tantos saltos no tempo e no espaço? Acreditando nele, uma busca incansável para tentar «compreender o que é verdadeiramente importante para um ser humano». «Enquanto escritor, não procuro tecer uma constatação sobre o que se passa num dado sítio e numa dada época. Preocupo-me com questões mais filosóficas, eternas, universais, mesmo se desconheço as respostas que lhe poderei dar.»

Daí a opção pela via metafórica, escrever de uma forma tal que mesmo os romances como The Remains of the Day, situado numa época e num lugar específicos, não pareçam demasiado realistas, uma maneira de levar o leitor a «procurar neles verdades eternas, e não informação sobre a sociedade da época». Explica que com The Buriet Giant quis colocar a questão da memória dos povos, correndo o risco de confrontar o dogma do «dever de memória», ao qual a modernidade se apega tanto. «Será mesmo necessário manter a memória do passado? Não será melhor algumas vezes esquecer as guerras, os acontecimentos trágicos, afim de evitar novos banhos de sangue? Não sei verdadeiramente o que pensar... Talvez o esquecimento seja preferível.»

Um questionamento que, segundo ele, vale também para o domínio do íntimo. Qual seria a esperança de vida de um casal se cada um mantivesse as memórias dos diferentes passados, acumulando rancor e frustração? Não valerá mais a pena, no fim de contas, à imagem do casal do seu último romance, aprender a esquecer, em nome do amor que se tem pelo outro? E assim tornar a ser uma página em branco, para que o romance prossiga...”

Platão, Fílon, 215b-216a

A escola de Atenas, Rafael ca. 1509 (Platão, pormenor)

A escola de Atenas, Rafael ca. 1509 (Platão, pormenor)

FÍLON: Sócrates, porque dizes ser necessário pensar sobre a morte? Será isto dito de uma forma artística (technikôs), ou será algo que se prende, pelo contrário, com a própria natureza do que se vê?

SÓCRATES: És tu quem o pensas?

FÍLON: Sim, Mestre, procuro saber por que razão é necessário não pensar demasiado se és tu próprio quem morres no momento da tua morte.

SÓCRATES: Diz-me então, Fílon, receias a morte?

FÍLON: Naturalmente, ó Sócrates! Temo-a porque Hades habita em mim e temo igualmente que ele receie a minha morte.

SÓCRATES: Mas, Fílon, se o deus que preside ao submundo ainda assim tem tempo de te contemplar, que recearás senão a eternidade, amigo?

FÍLON: Estou certo de que a eternidade não me procura, Mestre, estou bastante convicto disso.  Mas se, pelo contrário, presidisse sobre mim a mortalidade, seria apenas mais um cadáver. Assim como estou, vivo, nada tenho a dizer para além das palavras deste incenso que consagro aos deuses da minha piedade (eusebeia).

SÓCRATES: Diz-me, pois: sabes com certeza que o mundo tem terra, água, sol, estrelas fixas, estrelas errantes, ventos, marés?...

FÍLON: Com certeza, ó Sócrates!

SÓCRATES: Então porque não os devoras enquanto estás vivo?...

FÍLON: Como assim? Que falas?

SÓCRATES: Recearás por ventura a sua extensão?...

FÍLON: Se por engolir te referes a uma passagem pelo corpo, estou certo de que tens razão.

SÓCRATES: Sim, mas tens de admitir que haverá uma outra forma de recear a morte.

FÍLON: Não vejo outra senão a de morrer.

SÓCRATES: Mas, Fílon, diz-me: como podes fugir a tal pensamento? Se pudesses fugir, que caminho encetarias?

FÍLON: Mestre, receio que hoje já tudo tenha sido dito.

SÓCRATES: Não te entendo.

FÍLON: Hoje já tudo foi dito.

SÓCRATES: Por quem? Não conheço essas tuas anacruses.

FÍLON: Será talvez porque o tempo se suspende e estamos aqui por profusão da humanidade, isto é, do homem.

SÓCRATES: Amigo, confessa-me, tens tomado as ervas que o médico te prescreveu?

FÍLON: Não posso dizer que sim.

SÓCRATES: Entendo-te.

FÍLON: Posso não querer tomá-las?

SÓCRATES: Talvez seja possível. Mas ouve antes estas palavras; conhecerás com certeza as histórias que se contam acerca de Ariadne e Teseu?...

FÍLON: Como não, ó Sócrates?

SÓCRATES: Pois bem. Na noite, dizem, em que Teseu pensava sobre como libertar aquela que por ele era amada, diz-se que os deuses em sonhos lhe sugeriram que Zeus, descansando a lua, tinha dado ao jovem o poder de transformar os homens em setas. Ao despertar do sono, o herói, desconhecendo o destino que Hipólito para ele tinha preparado, sabendo que a princesa de Creta mais cedo ou mais tarde chegaria à conclusão de que tudo para ela estava perdido, fez-se labirinto. No momento em que haveria de toda a terra se transformar em arco, o Olímpico fez cair a chuva sobre as lágrimas do herói, e por haver demasiada sombra na água das coisas (tôn rêmatôn) os rios fluíram demasiado. Seria também demasiado que este mito fosse algo digno da dignidade e da majestade dos deuses, mas é um facto digno de admiração que as estrelas, nesse dia, suspirassem por ver Teseu preso para sempre! Diz-me, pois, Fílon, que acharás melhor: viver nessa surpresa que suspira ou imaginar que tu, e nenhum outro, estará no momento da tua própria morte?

FÍLON: Com certeza imagino, Sócrates, que a primeira opção é a correcta.

SÓCRATES: E se fosse a segunda escolha do mito que te mostrasse o quanto és digno da pena dos deuses?

FÍLON: Claramente responderia que queria também eu um pouco dessa divindade. E que se os deuses sentem pena é talvez porque também têm uma existência dentro dos homens.

SÓCRATES: Confessas, portanto, que tens medo não de morrer, mas de que sejas tu no momento da tua própria morte?...

FÍLON: Sim, é verdadeiro isso que afirmas.

SÓCRATES: E se pudesses ser Teseu, que farias?

FÍLON: Faria com que Ariadna fosse livre.

SÓCRATES: Livre de uma prisão criada pelo seu próprio enredo?

FÍLON: Decerto.

SÓCRATES: E se fosse Teseu aquele que está preso na sua própria fábula (mythos)?

FÍLON: Seria digno de pena, ó Sócrates.

SÓCRATES: Quanta?

FÍLON: Toda a miséria do mundo.

SÓCRATES: E se, por absurdo, fosse essa história (logos) inversa?

FÍLON: Como assim?

SÓCRATES: Se fosse a amante que tentasse libertar o amado?

FÍLON: Nada mudaria, penso eu.

SÓCRATES: E tens razão. Nada mudaria.

(...)

A utopia dos livros 

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Por vezes, brincando com uma ideia imaginária do homem que poderia ter sido, exteriorizo com a esposa, coitada, delírios de felicidade, sonhos suburbanos, de quem medrou na pobreza, como passar os dias de robe e pantufas numa casa com piscina, a soprar fumo de charuto, a ler Proust, a combinar as férias em Punta Cana. Estes são escapes mentais, maneiras de me idealizar noutra vida, talvez noutro corpo. Não sendo Tony Soprano, nem fumando charuto, é-me mais conveniente uma utopia proposta por Kafka, quando anota que a melhor forma de vida consiste em encerrar-se numa cova funda com um candeeiro e o material necessário para escrever. Escrever em paz, longe de vozes, livre do trabalho, eis uma possível utopia de quem escreve - a utopia de um dia vir a ter as condições perfeitas para criar (no escuro, no silêncio, na torre de Montaigne) a obra magistral. Outro sonho de quem se dedica aos livros é ler ininterruptamente, ler sem paragens, ler como se a leitura fosse acto inseparável da escrita, como se substituísse a comida e a bebida e pagasse as contas. Ler de maneira a que a leitura transforme este mundo de cansaço num mundo de Borges, no qual tudo, inclusive um dicionário, uma namorada, possa ser lido como ficção. Ler como se uma mulher, a nossa, pudesse ser parte da leitura. Kafka, explica-nos Ricardo Piglia em O Último Leitor, constrói uma leitora atada aos seus manuscritos, uma figura sentimental que une escrita e vida, em suma, uma mulher perfeita, uma leitora fiel, que vive para ler e copiar os manuscritos do homem que escreve (aliás, Felice Bauer, essa criatura transformada numa leitora de cartas e manuscritos, desperta a atenção de Kafka por passar a noite a ler, por ler até tarde na cama).