Tradução de Hugo Pinto Santos
Posso, por favor, ter um homem que use bombazine.
Posso, por favor, ter um homem
que saiba 100 nomes diferentes de rosas;
que não se importe com os meus coelhos distraídos
que vagueiam por aqui e por ali
como se fossem donos disto,
que me faça um caril cremoso com erva-cidreira fresca,
que caminhe como Belmondo em A Bout de Souffle;
que pendure todos os meus postais cuidadosamente selecionados -
mandados de cidades exóticas
às quais ele não espera ir comigo,
mas aonde iria se lhe pedisse, o que farei -
com mais niguém, na parede do seu quarto,
a começar por Ivy, o Famoso Porco Mergulhador,
de cujo retrato, em acção, comprei dez cópias;
que também fale como Belmondo, com lábios tão suaves
e tão firmemente desenhados como botões de peónia
cobertos de chocolate (chocolate fundente);
que saiba que postar-se ébrio sobre mim
como um edredão com estofo de livros da biblioteca e sacos de compras
é muito fácil: posso, por favor, ter um homem
que não esteja disposto a fazer isso.
Nem esteja disposto a dizer-me que estou bonita.
Que, quando eu saio apressada da casa de banho,
como um leitãozinho aprumado,
que não quer mais do que uma pândega
de afecto e indisciplina, sem complicações,
abra os braços como uma gamela para eu mergulhar.
Selima Hill, Violet, Bloodaxe, 1997
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